15 janeiro, 2005

de dentro



A vida é feita de peripécias. Começa o desenrolar, atinge-se o climáx, dá-se um desfecho. [E se eu não as quiser?]
Vi memórias que não eram minhas, lágrimas derramadas pelo amor, histórias de paixão e angústia, [porque é que as recordações teimam tanto em ficar?] e não quis acordar para a minha vida. Tantos passados, tantos destinos, o ambiente degradado, o rosto imutável, a luz fria, e os olhos vítreos - uma lágrima cai -[de que te recordas agora?], são tudo descrições, tudo ilusões por não passarem de uma realidade que não me pertence. MEDO, dizem que estou consumida pelo medo. Tenho sono. Um cansaço atinge-me bem fundo. [Quando é que os sonhos acabam e a realidade começa?] Mergulhar na escuridão, deixem-me absorver a noite até não existirem mais estrelas. Há um vento cortante, queima-me os olhos, olhos cansados de ver os homens, as mulheres, as crianças, os velhos, [o que querem de mim?] a noite perde o seu fulgor novamente...
Ele fora-se para sempre, permanecendo apenas a sua caixa de recordações, no lugar onde se tinha esquecido de amar. [Ou fora de ser feliz?]
"As recordações são rastos de lágrimas"