01 setembro, 2009

a perda

O tempo estugara o passo, alheio às deambulações frágeis de [ ]
Ela vira todo um mundo entorpecido pelo movimento ininterrupto da Máquina

a arraia-miúda movia-se em frenesim em direcção à cova,
seus olhos já fechados,
seu cheiro a podridão,
suas bocas gretadas e para todo o sempre seladas,
pois nada do que diziam aqui permanecia
tudo seria pó,
tudo era pó...

ah! a lenta e ressoante perda de identidade!

pensava na urbe, no seu mecanismo produtivo e ominipresente
consumia-a, consumia-os, consumia-nos,
até os corpos se fundirem com as suas paredes plúmbeas,
formando semi-homens, semi-máquinas
- como traças tacteando a noite à procura da lux -
só vislumbram (vix luminare) as sombras do ego



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