14 outubro, 2004

não quero acordar


Esquecendo o preservativo, aventurei-me nos vales da minha imaginação.

O sol morria nas nuvens cinza, uma luz prateada abria os céus e me comia os passos
o vento a asfixiar-me docemente
a tempestade a mergulhar em mim
uma gota de chuva no meu nariz
Corro sem pensar. Corro sem pensar. Corro sem pensar.
C-o-r-r-o s-e------

Diz-me, para onde vão os sonhos quando ficamos cegos?

às vezes os vales afundam-se e nascem prédios e caras poluídas
e o céu prateado é o cinzento das estradas
e o vento que me asfixia são os bafos de mil corpos
e a tempestade humana desaba em mim
uma gota de chuva no meu olho

Diz-me, para onde vão os sonhos quando ficamos cegos?

vejo ao longe os prados verdejantes, ouço os trovões que se aproximam
um ponto de luz a escapar-se no poente
Corro para os meus sonhos, sem pensar.

4 comentários:

Maria disse...

a vida das tuas palavras é grande.

seria um sonho se todos pudessem sonhar - já escrevi isto algures.

afirmo-o colericamente.

*

Anónimo disse...

o sonho é a tua cegueira.
ele

Anónimo disse...

Excellent, love it!
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Anónimo disse...

Keep up the good work »