04 setembro, 2004

Viver não custa, custa é saber viver...

Sentado ao balcão
Ignorando tudo ao meu lado
Desprezando tudo e todos
Em que pensava eu?
Esta vida é como um puzzle
Vão-se encaixando as peças

Viver não custa, custa é saber viver
Enfrentando a vida pronto a vencer
Se toda a gente soubesse sonhar


A vida são degraus
Subam e desçam com cuidado
E ao tentar subir, vê lá, podes cair…

Saio de mim
Quero saber o que não sei
Perder o que não ganhei
O não saber viver
É o mal de muita gente
É simples a razão de viver

A vida é um labirinto
Procura a sua saída
Não te deixes encurralar

A vida são degraus
Subam e desçam com cuidado
E ao tentar subir, vê lá, podes cair…

Sentado ao balcão

Viver não custa, custa é saber viver
Enfrentando a vida pronto a vencer
Se toda a gente soubesse sonhar


Sentado ao balcão, Censurados

Simples gotas de chuva


Hoje dancei à chuva. Olhei os céus e os meus pensamentos foram levados pelo vento. Senti as gotas de chuva limpar as minhas mágoas, não havia deuses maus, nem problemas que não fossem resolvidos. Havia sim, uma beleza sem dimensões naquele céu cinzento. Uma luz que não se via, mas que se sentia, inundava-me a mim, e à cidade numa paz sem limites... E a chuva a cair, as nuvens a brilhar, os meus olhos a amar cada pedaço de beleza daquele momento. Dentro de mim, o mundo não perecia. Havia esperança, sim. Em cada gotícula de chuva, eu via uma gota de esperança que me fazia sorrir.

Hoje dancei à chuva. E tu não estavas lá. Ninguém precisava de estar lá. Só eu, eu, eu precisava de ver. De abrir os meus olhos para as coisas simples da vida. Porque sim, a banalidade também é importante. Porque sim, a simplicidade faz-nos felizes. Pode não ser por muito tempo, mas são os bons momentos que precisamos de guardar.
Sorrio à vida e agradeço à chuva.




02 setembro, 2004

Será que tudo vale a pena?

Àquela hora, o cemitério já está fechado. As criptas parecem estar ali há muito tempo... lembra-me uma passagem dos Maias, "Assim o bom Vilaça teve no Cemitério dos Prazeres o seu jazigo - que fora a alta ambição da sua existência modesta."

O tempo mantinha-se fiel à morte, quem quisesse viver teria de enganar o tempo. Mas quem consegue enganar o tempo?

Pergunto-me se há cemitérios na terra dos sonhos. Não que eu queira enterrar os meus sonhos, mas será que eles morrem?

Quando uma pessoa julga que pode brincar com os sentimentos das pessoas, uma porta de metal fecha-se na nossa cara. Ei, mas eu nem tive tempo de... não há ninguém para te ouvir. Será que valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena!

Acabo de levar um murro para sair daqui. Será que vale a pena arriscar levar mais para continuar a escrever este texto sem qualquer interesse? Não!
Afinal Fernando Pessoa, estavas errado. Nem tudo vale a pena...

01 setembro, 2004

O fim

Vi uma garrafa ao longe no mar.
Nadei e nadei, até a encontrar.
As nuvens eclipsaram o sol, a escuridão abateu-se. Foi então que começaram a gritar: sobre os seus corpos caíam pingas vermelhas dos céus. O mar tempestuoso atirou-me para terra. Abri a garrafa. Lá dentro, uma epístola sem nome chamava por mim. Com a carta na mão, fugi para casa. À minha frente, um tornado dançava com os arranha-céus. Subi a colina e abriguei-me na casa abandonada de vidros partidos. Olhei para baixo. Tudo se desmoronava perante os meus olhos. Aves caíam no chão, os prédios ruíam, as pessoas gritavam, os cães uivavam, o vento rugia, o mar entrava por terra, chovia sangue e cinzas … o mundo estava a morrer.

Abri o manuscrito. Dizia:
A esperança morreu nos corações humanos.

O último raio de sol entrou pela janela.