Os seus rostos falsos trouxeram lembranças da podridão do ano que passara ali, naquela escola, com aquelas pessoas. Lembranças que, nos dias chuvosos de Verão, tentara apagar. Chegara o Outono, e com ele as folhas secas do seu jardim, o frio que aquecia a sua solidão, os apelos gritados ao vento...
Todos a olhavam, naquele corredor frio de hospital psiquiátrico. Lá ao fundo, alguém a chamou. Sorriram, acolhendo-a num teatro de amizade que nunca existiu. Não quis representar
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Enquanto conversavam, apercebeu-se do nada que sentia por toda aquela gente, actores que representavam a dança da estupidez humana ilimitada. Pavoneam-se pela escola, sorrindo e falando descontraíadamente, sempre com um olho em redor, à procura de novas caras. E, quando encontram alguém conhecido, trocam beijinhos e palavras sem sentido. O quanto a repugnava toda aquela hipocrisia, todo aquele ritual de aparente acaso!
Olhou o céu e pensou na falta de sentimento e verdade nas pessoas. Quis acabar com aquilo tudo. Quis embalar o mundo no amor da estrela do mar e rasgar aquelas máscaras inutéis...
Susana virou-se e partiu daquele mundo que não compreendia.
No caminho para casa, sorriu para a velha cigana de trajes negros e sonhou com o dia em que encontrara a estrela...
4 comentários:
a dança da mentira.
ele
Tenho 27 anos revejo-me completamente neste texto. Se o tivesse visto na adolescência...não me sentia tão infeliz. Porque estava só, sem copreender. Ainda me surpreende alguém escrever este texto. E poder sentir assim, naquela fase da vida.
Tenho 27 anos revejo-me completamente neste texto. Se o tivesse visto na adolescência...não me sentia tão infeliz. Porque estava só, sem copreender. Ainda me surpreende alguém escrever este texto. E poder sentir assim, naquela fase da vida.
Excellent, love it!
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